pensado, escrito, fotografado e inanimado por ricardo xavier

28/02/12

LIVROS AMAIS?

nunca neste pequenininho país houve tanto escrivador publicado. e nado. os livros, uns mais grossos outros mais obtusos, uns mais longos outros mais enfadonhos, uns mais hábeis outros mais habilitados, são, regra geral, uma dor de cabeça para a reflorestação do país mas uma dádiva para os incendiários sem fósforos. claro que muito do palavreado sai borratado, quase hieroglífico. é conforme. por isso estamos todos de parabéns: já que não vemos lemos!
notinha: até aqui, na ilha de s. miguel, há mais escritores que árvores.

27/02/12

DE SUCESSO EM TUCESSO

a crise nacional, a de portugal para que se saiba a minha nacionalidade, nada deve aos seus, mal ditos pronomes possessivos, políticos-empresário, políticos-gestor, políticos-actor, políticos-de-cor-e-salteado, com a sua grande experiência genealógica, a sua grandiosa virtude promocional, a sua imaculada procissão, ah! qualquer coisa que me não lembro mais, mas, sim, um bem disposto advérbio, às suas políticas-empresário, políticas-gestor, políticas-actor e políticas-de-cor-e-salteado,
sem eles, os primeiros, o que seria de nós? das nossas empresas públicas? das canelas do nosso país? aliás, já teriamos sucumbido ao sucumbo há décadas atrás. atrás desse atrás viria o atraso -sempre atrás dele por falta de vontade própria!- logo seguido pela banca rota, apesar dos imaculados fatos, e de uma provável queda no nosso abismo favorito: o sal azarismo -também conhecido por sal galhada- e sempre temperado com sal azar.

13/02/12

OS PARLAPATÕES DA MINHA TERRA


já não me creio com estamina, nem manima, suficiente para louvar mais os nossos enfraquecidos (de tanto trabalharem) políticos; quer do arco da governação, quer do arco da velha, quer do arco tráfico. isto porque, admitamos a coisa com firmeza, eles são para aí uns dois milhares (desde as juntas de freguesia até às juntas da folia) e nós somos, com eles descontados, para aí uns 9.999.99 descendentes dos primeiros povoadores lusitos. então não somos mais do que eles? então não podemos ajudá-los tão rápida e eficientemente que eles logo fiquem a saber que estão a transbordar para fora do alheio? mas em vez disso, e d'outras coisas, o que nós mais gostamos de fazer é ver pelo canto do fado, é prometer pela nossa saúde, é ir à missa no centro comercial, é passear de carro enquanto vamos a pé a fátima, é sofrer com empanturramentos de tudo, é o sofá enquanto a tv colorida debita programas decifrados, é a burlice que é a nossa espertice...
pois também não será bem assim, assaltado que estou por dúvidas bem amamentadas. nem como provar os fatos sei. bom, peço desculpas por me ter precipitado sem andamento.

12/02/12

APAGÕES NÃO ILUMINAM A PAGÕES


a capacidade de visualizar para baixo do umbigo sempre foi problemática para quem tem uma grande barriga. essa assintomática incapacidade introduziu-se, qual mania vegetariana, na política mundial do dia para a noite. ou da noite para o dia, conforme o hemisfério. não, não foi um desdou; nem da sabedoria, nem da experiência, nem de algo senão do nada. ( nada nada?) além do pouco, quase nada, que já escrevi sobre o assunto, muito pouco mais há para escrever… a não ser que a doideira chega, fácilmente, para todos. temos, pois, que privatizar tudo outra vez, em especial a responsabilidade tostalitária. quanto ao resto… espero poder dar- lhe alta num nadinha de nada.

poema: o rapaz do chá de gaza
trago chá quente
e misturo-me na multidão
mutilada do hospital de gaza
vendo a doutores e enfermeiros,
a doentes e, a guerreiros
sempre prontos a disparar
por tudo e por nada,
mesmo dentro do hospital...
volto a casa e preparo mais chá
para ir para o hospital de gaza
à multidão mutilada por vezes fio,
outras, vendo pelas ruas
o meu pai está desempregado,
o meu país esmagado,
consumido, enganado e a
ficar maluco, creio
(c) r.x. 2006.10.5 amsterdão

07/02/12

NUNCA DUVIDEI DAS CAPACIDADES DOS NOSSOS MAIORES MENTECAPTOS

aliás, não só nunca duvidei como sempre acreditei que seriam um sucesso junto de familiares e mais.
o esforço sobre-humano, a atenção ao detalhe, o cuidado com a risca do cabelo, a forma e a cor das gravatas, o ar grave e limpo, as mãos miraculosamente manicuradas, os pés prefeitamente ensapatados e perfumados, as cuecas invisíveis a olho nú por dentro das calças segurando e aconchegando portentosos tomates, os sovacos bem barbeados, os rabinhos também bem aconchegadinhos nas ditas cuecas invisíveis a olho nú e com direito a estofos do melhor e pouco ou nada coçados, as cabeças brilhantes com ideias reluzentes e fora de sério... (pausa para respirar, suspirar e ganhar alento para mais...) e os fatos feitos do mais respeitado tecido que o respeito pode cortar à tesouraria, para não falar do amor pátrio por todos os súbditos que, fiélmente vergados perante tamanha prontidão de lhes tratar minuciosamente da lorpa, se deixam levar ao colo mesmo até à beirinha do raio que os parta.